Como anda o seu sono?

Como anda o seu sono

30 jul Como anda o seu sono?

Como anda o seu sono?

Desde a era industrial, as horas de sono vêm diminuindo gradativamente e o descanso vem sendo reduzido em detrimento do “alto rendimento profissional”, das tarefas diárias e do apelo da internet e redes sociais. Junto a isso, a obesidade e muitas enfermidades cardiocirculatórias se consolidam como graves problemas de saúde pública. A relação entre a qualidade do sono e as doenças está cada vez mais evidente quando observamos o estilo de vida da nossa população. Estudos demonstram que noites mal dormidas podem gerar cansaço durante o dia, sonolência, redução da memória e aumentar as chances de depressão, obesidade, entre outros.

Afinal de contas, o que é o sono e pra que ele serve?

Sono é o processo de descanso periódico usado pelo homem e outros animais. Um processo ativo envolvendo vários e complexos mecanismos fisiológicos e comportamentais em muitos sistemas e regiões do sistema nervoso central. O sono tem várias funções, muitas delas relacionadas à conservação de energia. Embora não se tenha descoberto totalmente o papel sono na sobrevivência dos seres vivos, sabe-se cada vez mais sobre sua arquitetura.

Friedman define sono como “sendo o desencadear deliberado de uma alteração ou redução do estado consciente, que dura, em média 8 horas tendo início sensivelmente à mesma hora, em cada período de 24 horas, e resultando, geralmente, em sensação de energia física, psíquica e intelectual restabelecida”. De acordo com Fontaine, Briggs e Pope-Smith, o sono é importante para a recuperação de doenças, enquanto que a privação deste pode afetar a regeneração celular assim como a total recuperação da função imunitária.

Avanços recentes nas pesquisas sobre o sono demonstraram que alguns transtornos mentais estão associados com alterações características na fisiologia do sono. Em um estudo realizado pela Universidade de Stanford, indivíduos que não dormiam há 19 horas foram submetidos a testes de atenção. Constatou-se que eles cometeram mais erros do que pessoas com 0,8 g de álcool no sangue – quantidade equivalente a três doses de uísque.

Igualmente, tomografias computadorizadas do cérebro de jovens privados de sono mostram redução do metabolismo nas regiões frontais (responsáveis pela capacidade de planejar e de executar tarefas) e no cerebelo (responsável pela coordenação motora). Esse processo leva a dificuldades na capacidade de acumular conhecimento e alterações do humor, comprometendo a criatividade, a atenção, a memória e o equilíbrio.

Para melhor entendimento, é importante saber que o sono se divide nas seguintes fases:

Fase 1 – Melatonina é liberada, induzindo o sono (sonolência);

Fase 2 – Diminuem os ritmos cardíaco e respiratório (sono leve), relaxam-se os músculos e cai a temperatura corporal;

Fases 3 e 4 – Pico de liberação do GH e da leptina; cortisol começa a ser liberado  no sono profundo até atingir seu pico, no inicio da manhã;

Sono REM – Sigla em inglês para “movimento rápido dos olhos”. É o pico da atividade cerebral, quando ocorrem os sonhos. O relaxamento muscular atinge o máximo, voltam a aumentar as frequências cardíaca e respiratória.

Para ser considerado um sono reparador é preciso que, ao longo da noite, ocorra de quatro a seis passagens em cada uma dessas fases, sendo necessários cerca de 70 a 120 minutos para completar cada ciclo. O sono REM, conhecido como sono dos sonhos, é importante para o aprendizado, raciocínio, criatividade e sedimentação de conhecimentos.

Durante o sono, nosso organismo realiza funções de extrema importância e com consequências diretas à saúde. Na falta dele, o corpo produz hormônios associados ao estresse, o que altera diversas funções e prejudica o bom funcionamento do mesmo.

Em um estudo realizado pela Universidade de Chicago, onze pessoas com idades entre 18 e 27 anos foram impedidas de dormir mais de quatro horas durante seis dias. O efeito foi assustador: no final do período, o funcionamento do organismo delas era comparado ao de uma pessoa de 60 anos de idade. E os níveis de insulina eram semelhantes aos dos portadores de diabetes. Em pesquisas de laboratório, ratos usados como cobaias não aguentaram mais de dez dias sem dormir. A conseqüência: morte por infecção generalizada.

Mas qual é a quantidade ideal de horas de sono? Embora essa necessidade seja uma característica individual, a média da população adulta necessita de 7 a 8 horas de sono diárias. Falando em crianças, é especialmente importante que seja respeitado um período de 9 a 11 horas de sono, uma vez que, quando elas não dormem o suficiente, ficam irritadas, além de terem comprometimento de seu crescimento, do aprendizado e da concentração.

E o  que o seu corpo faz enquanto você dorme?

– Libera hormônios:

Cerca de 90% do hormônio do crescimento é liberado durante o sono, na infância. Logo, crianças que dormem pouco têm mais chances de ter problemas no seu desenvolvimento físico. Na fase adulta, o hormonio do crescimento continua sendo liberado, em doses menores. Além de outras funções, ele garante o vigor físico e evita a flacidez muscular.

– Reduz o estresse:

Uma noite bem-dormida evita que o organismo acumule altos teores de cortisona. Esse hormônio, produzido pelas glândulas supra-renais, é liberado em situações de estresse e contribui para aquele insuportável mau humor depois de uma noite em claro.

– Fortalece o sistema imunológico:

Durante o sono, o corpo libera as interleucinas: substâncias que ajudam o organismo a se defender de invasores, como vírus e bactérias.

– Apetite em equilíbrio:

É durante o sono que o organismo libera maior quantidade de leptina, o hormônio que controla a sensação de saciedade e mantém as pessoas longe dos eventuais ataques à geladeira durante a madrugada.

– Previne o Envelhecimento precoce e tumores:

Enquanto uma pessoa dorme, o organismo se livra com mais facilidade dos radicais livres, moléculas que podem causar o envelhecimento precoce e até tumores.

– Memória:

O sono interfere na regulação térmica do cérebro, a função essencial para o bom funcionamento dos mecanismos de memória e da vida psíquica.

– Fixação de informações:

Estudos indicam que a fase do sono REM é responsável pela fixação de informações incomuns e estressantes enquanto o sono não REM (fases 1 a 4) se encarrega das informações de conteúdo emocionalmente neutro.

Fausto Ito, especialista em Odontologia do Sono e membro da Academia Brasileira do Sono, formulou o seguinte teste para ajudar a identificar se o seu sono é de boa qualidade:

http://oglobo.globo.com/infograficos/teste-qualidade-sono/

Se você estiver apresentando, irritação, falta de concentração, ansiedade ou excesso de sonolência, pode ser um alerta para observar como vai o seu. Você pode encontrar algumas dicas para melhorar a qualidade do seu sono aqui e encontrar um aplicativo para ajudar a monitorar seu sono aqui. Afinal, bem-estar é uma questão de FEH: Foco, Equilíbrio e Harmonia (inclusive durante o sono). Se identificou com a nossa matéria? Deixe seu comentário aqui!

Perla D’Ornellas

Perla D’Ornellas é Educadora Física e certificada internacionalmente em Wellness & Health Coaching

Fontes:

Padrão do Sono em Universitários Brasileiros e a sua Relação com a Prática de Atividades Físicas: uma Revisão da Literatura

Transtornos do Sono, Qualidade de Vida e Tratamento Psicológico

Instituto do Sono

O Sono Normal 

Hormônio do crescimento e exercício físico: considerações atuais

The Journal of The American Medical Association

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